Policial militar, mãe e cunhada de atirador de Novo Hamburgo estão na UTI, dizem hospitais
24/10/2024
Cinco dos oito feridos permanecem internados. Homem abriu fogo e matou pai, irmão e dois soldados da Brigada Militar. Suspeito morreu em troca de tiros com a polícia. PMs seguem internados após ataque a tiros em Novo Hamburgo
Um policial militar, a mãe e a cunhada do homem que abriu fogo em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), conforme boletins médicos divulgados na manhã desta quinta-feira (24).
Eles foram baleados pelo atirador que manteve a própria família em cárcere privado, matou o pai e o irmão e feriu outras nove pessoas.
Veja o que se sabe e o que falta saber sobre o caso
Fotos mostram dezenas de marcas de tiros na casa
Ao todo, cinco pessoas permanecem hospitalizadas – há ainda um guarda municipal e uma policial militar. Os outros três feridos receberam atendimento médico e já tiveram alta.
Na tarde desta quinta, foi confirmada a morte do segundo PM baleado no ataque. A vítima foi identificada como Rodrigo Weber Voltz, de 31 anos.
O atirador, identificado como Edson Fernando Crippa, de 45 anos, morreu durante a troca de tiros com a Brigada Militar (BM).
Os feridos:
Cleris Crippa, 70 anos (mãe do atirador): Passou por cirurgia. Está na UTI do Hospital Centenário de São Leopoldo. Quadro de saúde inspira cuidados.
Priscilla Martins, 41 anos (cunhada do atirador): Passou por cirurgia. Está na UTI do Hospital Centenário de São Leopoldo. Quadro de saúde inspira cuidados.
João Paulo Farias Oliveira, 26 anos (policial militar): Em estado grave, também na UTI do Hospital Municipal de Novo Hamburgo.
Joseane Muller, 38 anos (policial militar): Em estado estável no Hospital da Brigada Militar, em Porto Alegre, conforme boletim de quarta (23).
Volmir de Souza, 54 anos (guarda municipal): Deu entrada no Hospital Municipal de Novo Hamburgo e foi transferido para o Hospital da Unimed. Sem atualizações sobre o estado de saúde.
Eduardo de Brida Geiger, 32 anos (policial militar): Baleado de raspão, recebeu atendimento médico e foi liberado do hospital.
Leonardo Valadão Alves, 26 anos (policial militar): Baleado de raspão, recebeu atendimento médico e foi liberado do hospital.
Felipe Costa Santos Rocha (policial militar): Baleado de raspão, recebeu atendimento médico e foi liberado do hospital.
Cápsula de munição encontrada nas proximidades de local onde homem matou pai, irmão e PM
Reprodução/RBS TV
Quem são os mortos
Além do assassino, outras três pessoas morreram:
Eugênio Crippa, 74 anos (pai do suspeito): De acordo com a BM, foi morto na garagem da residência por disparos de arma de fogo.
Everton Luciano Crippa, 49 anos (irmão do suspeito): Foi resgatado e encaminhado ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Recebeu atendimento médico, mas morreu após uma parada cardíaca, por volta de 8h de quarta.
Everton Raniere Kirsch Junior, 31 anos (policial militar): Estava na Corporação desde 2018. Recentemente, se tornou pai. Ele deixa o filho, que tem 45 dias, e a esposa.
Rodrigo Weber Voltz, 31 anos (policial militar): Estava na Corporação desde 2016. Ele deixa a esposa.
Velório de soldado
O corpo do policial militar Everton Raniere Kirsch Junior, 31 anos, está sendo velado, nesta quinta-feira (24), no Cemitério Jardim da Memória, em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O PM é uma das vítimas do homem que manteve a própria família em cárcere privado, matou o pai e o irmão e feriu outras nove pessoas.
Amigos, familiares e colegas de Brigada Militar (BM) acompanham a despedida. Segundo relatos de pessoas ouvidas pela RBS TV, o soldado "era muito bem quisto por todos dentro da Corporação".
Everton estava na BM desde 2018. Recentemente, se tornou pai. Ele deixa o filho, que tem 45 dias, e a esposa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Eduardo Leite (PSDB) manifestaram pesar pela morte das vítimas, citando o PM baleado.
Amigos, familiares e colegas de BM acompanham velório de policial morto
Jefferson Botega/Agência RBS
O caso
O crime aconteceu em uma casa na Rua Adolfo Jaeger, no bairro Ouro Branco. Conforme a BM, o homem manteve os pais em cárcere privado. O próprio pai teria ligado para a polícia denunciando maus-tratos, segundo o Bom Dia Brasil. Logo que viu os agentes, na parte da frente do imóvel, o homem atirou contra eles.
De acordo com o tenente-coronel Alexandro Famoso, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Novo Hamburgo, houve tentativa de negociação e conversa com o atirador, incluindo contato telefônico. O homem, no entanto, só respondia com disparos, segundo o comandante.
O comandante Alexandro Famoso informou que o homem atirou "de forma inesperada [...] em todas as pessoas que se encontravam naquele local, na frente da residência".
O cerco começou na noite de terça-feira (22) e durou cerca de nove horas. O suspeito foi morto na troca de tiros com a polícia.
Perito recolhe grande quantidade de munição após ataque em Novo Hamburgo
Armas e munição encontradas
A Brigada Militar (BM) encontrou quatro armas e "farta munição" na casa. O suspeito tinha registro de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC).
Foram localizadas duas pistolas, uma de calibre 9 mm e outra .380, e duas espingardas. O chefe da Polícia Civil do RS, delegado Fernando Sodré, classificou a situação como um "cenário de guerra".
O atirador também abateu dois drones da Brigada Militar. As armas estariam legalizadas, segundo os investigadores.
"Ele era a CAC, e tinha uma arma registrada no SIGMA, no Exército, e uma arma registrada no SINARM, no Registro Normal. E todas as armas dele apresentavam legalidade, todas estavam de acordo com a legislação", diz Sodré.
Homem mata pai, irmão e policial militar em Novo Hamburgo
RBS TV/Reprodução
O secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, afirmou que o assassino tinha histórico de esquizofrenia.
"Ele tinha um histórico de pelo menos quatro internações por esquizofrenia, então é óbvio que qualquer um de nós sabe que no momento em que se der acesso a arma de fogo e afarta munição a uma pessoa com esquizofrenia, uma tragédia vai ocorrer", afirma Caron.
Ao g1, o Exército informou que havia uma pistola .380 registrada no nome do suspeito. A arma foi adquirida em 2007, e a revalidação estava prevista para 2026. "O laudo psicológico de 2020, feito por um profissional credenciado, não apontou problemas", informou o porta-voz do Exército.
Já a Polícia Federal (PF) afirmou que, "das quatro armas apreendidas, há registrado no sistema SINARM apenas um armamento, com certificado de registro válido, conforme legislação vigente na época".
"O pedido de aquisição da referida arma de fogo foi realizado nesta Superintendência da Polícia Federal, quando foi anexada a documentação exigida pela legislação, inclusive o laudo psicológico de APTO para a aquisição de armas, emitido por psicóloga devidamente credenciada", disse a PF.
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